A
nova capital do Estado de Goiás foi construída em meio a grandes transformações
políticas e culturais no país.A mudança da capital vinha sendo discutida desde
meados do século XVIII, quando o governador da Capitania de São Paulo decide
que Santana, a cidadela de Bueno - que havia sido criada em 1727 no sopé da
Serra Dourada - deve ser a sede do centro administrativo da região e dá-lhe o
nome de Vila Boa.
No ano de
1749, é criada a Capitania de Goiás, independente de São Paulo, sendo seu
primeiro governador o Conde de Arcos, que sugeriu a mudança da capital para
Meia-Ponte, hoje Pirenópolis. Em 1821, Santana é elevada à categoria de cidade
e passa a chamar-se Goiás. (PALACÍN, 1976) As discussões para a mudança da
capital se desenvolvem intensamente, com os argumentos "mudancistas",
desde a questão da topografia, as comunicações, os acessos e as condições de
higiene e salubridade da cidade de Goiás.
Em estudo detalhado sobre a formação
do espaço urbano em Goiás, Gustavo Neiva Coelho (Coelho,1997) nos descreve a
localização de Vila Boa em terreno acidentado, ocupando as duas margens do Rio
Vermelho, e sem nenhuma preocupação com ordenação espacial."Apesar de
fundada no século XVIII, Vila Boa em momento algum apresenta características do
urbanismo setecentista do continente europeu que a identifiquem com seu tempo,
e apresenta ainda uma dissociação total com o pensamento de El Rei, descritos na
Carta Régia de 1736".(COELHO, 1997 a, p.33) Ainda segundo Coelho, o
que podemos perceber do conjunto urbano de Vila Boa, é "algo organizado de
forma a apresentar um contínuo urbano, que apesar de irregular, mantém uma
certa coerência, não se transformando num emaranhado complexo e misterioso das
cidades mouriscas". (COELHO, op.cit., p.35) figura 3
A prioridade no lançamento da idéia da
transferência coube ao segundo presidente da Província de Goiáz, Marechal de
Campo Miguel Lino de Morais, ao presidir a solenidade de instalação do Conselho
Geral, em 1830, propôs a transferência para Água Quente.Pouco mais tarde, em
1863, outro presidente da Província de Goiáz, Couto de Magalhães , sugeria a
mudança para Leopoldina, às margens do Rio Araguaia, declarando:"Em uma
palavra, Goiás não só não reúne as condições necessárias para uma capital, como
ainda, reúne muitas para ser abandonada".
(MAGALHÃES, 1935, p.68)
1 -
José Vieira Couto de Magalhães (1837-1898), formou-se em Direito em São
Paulo. Foi nomeado em 1863, com poderes especiais e autoridade de General em
Chefe, para organizar forças e lutar contra os paraguaios que assolavam a
província de Mato Grosso. Mais tarde foi presidente das províncias de Goiás,
Mato Grosso e Pará. Realizou inúmeras expedições pelo centro-oeste, e
inaugurou a navegação pelo Rio Araguaia.
2 -
Considerada a construção de Goiânia como fruto da revolução de 1930, foi
escolhida a data de 24 de outubro, que assinala a vitória da revolução, como
dia do lançamento da Pedra Fundamental. O Município instalou-se em 20 de
novembro de 1935 e teve seu batismo cultural em 5 de julho de 1942.
[1]Comissão
presidida pelo Bispo de Goiás Dom Emanoel Gomes de Oliveira, e integrada por
técnicos como o eng. João Argenta e Jerônimo Curado Fleury, o médico
Laudelino de Almeida e o coronel Antonio Pirineus de Souza, Colemar Natal e
Silva, advogado, e os comerciantes Antonio Santana e Gumercindo Ferreira.
[1] Alfredo
Agache, teria sido procurado por Pedro Ludovico, mas não foi encontrado no
país. Dois outros nomes foram sugeridos por Colemar Natal e Silva, assessor
de Pedro Ludovico: Attílio C. Lima e Armando Augusto de Godoy. (CORDEIRO,
Narcisa 1989)
[1] A
tese de Attílio foi exposta no Salon d’Architecture de
Paris, em fevereiro de 1931, e publicada nos números 8 de 15/03/32,
e 9 de 15/05/32, da revista, órgão oficial do corpo docente.
[1] GIBACIER,
Anne. L’Institut d’Urbanisme de Paris et L’Amerique Latine. Análise
dos estudos sobre o urbano realizadas por profissionais da América
Latina. Centre de Recherche sur l’habitat-Ecole d’Architecture
Paris-La Défense. (xerox, s.d.)
[1] Versão
de seu texto em italiano Futurismo?, anteriormente publicado
no jornal Il Piccolo, da colônia italiana
Figura 3: Mapa da idade de Goiás, antiga Vila Boa.
A nova capital do Estado de Goiás foi construída em meio a grandes transformações políticas e culturais no país.A mudança da capital vinha sendo discutida desde meados do século XVIII, quando o governador da Capitania de São Paulo decide que Santana, a cidadela de Bueno - que havia sido criada em 1727 no sopé da Serra Dourada - deve ser a sede do centro administrativo da região e dá-lhe o nome de Vila Boa.
A prioridade no lançamento da idéia da transferência coube ao segundo presidente da Província de Goiáz, Marechal de Campo Miguel Lino de Morais, ao presidir a solenidade de instalação do Conselho Geral, em 1830, propôs a transferência para Água Quente.Pouco mais tarde, em 1863, outro presidente da Província de Goiáz, Couto de Magalhães , sugeria a mudança para Leopoldina, às margens do Rio Araguaia, declarando:"Em uma palavra, Goiás não só não reúne as condições necessárias para uma capital, como ainda, reúne muitas para ser abandonada".
1 -
José Vieira Couto de Magalhães (1837-1898), formou-se em Direito em São
Paulo. Foi nomeado em 1863, com poderes especiais e autoridade de General em
Chefe, para organizar forças e lutar contra os paraguaios que assolavam a
província de Mato Grosso. Mais tarde foi presidente das províncias de Goiás,
Mato Grosso e Pará. Realizou inúmeras expedições pelo centro-oeste, e
inaugurou a navegação pelo Rio Araguaia.
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2 -
Considerada a construção de Goiânia como fruto da revolução de 1930, foi
escolhida a data de 24 de outubro, que assinala a vitória da revolução, como
dia do lançamento da Pedra Fundamental. O Município instalou-se em 20 de
novembro de 1935 e teve seu batismo cultural em 5 de julho de 1942.
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[1]Comissão
presidida pelo Bispo de Goiás Dom Emanoel Gomes de Oliveira, e integrada por
técnicos como o eng. João Argenta e Jerônimo Curado Fleury, o médico
Laudelino de Almeida e o coronel Antonio Pirineus de Souza, Colemar Natal e
Silva, advogado, e os comerciantes Antonio Santana e Gumercindo Ferreira.
[1] Alfredo
Agache, teria sido procurado por Pedro Ludovico, mas não foi encontrado no
país. Dois outros nomes foram sugeridos por Colemar Natal e Silva, assessor
de Pedro Ludovico: Attílio C. Lima e Armando Augusto de Godoy. (CORDEIRO,
Narcisa 1989)
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[1] A
tese de Attílio foi exposta no Salon d’Architecture de
Paris, em fevereiro de 1931, e publicada nos números 8 de 15/03/32,
e 9 de 15/05/32, da revista, órgão oficial do corpo docente.
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[1] GIBACIER,
Anne. L’Institut d’Urbanisme de Paris et L’Amerique Latine. Análise
dos estudos sobre o urbano realizadas por profissionais da América
Latina. Centre de Recherche sur l’habitat-Ecole d’Architecture
Paris-La Défense. (xerox, s.d.)
[1] Versão
de seu texto em italiano Futurismo?, anteriormente publicado
no jornal Il Piccolo, da colônia italiana
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Figura 3: Mapa da idade de Goiás, antiga Vila Boa. |
O empreendedor de Goiás, Couto
Magalhães desenvolveu estudos técnico-econômicos comparativos para defender sua
idéia de localização da capital às margens do Rio Araguaia. Nesses estudos,
apontava a insalubridade; o comércio insipiente e que vivia exclusivamente à
custa dos empregados públicos e de militares; os meios de transportes
imperfeitos; a situação topográfica da cidade encravada entre serras. Buscava
insistentemente o desenvolvimento e o progresso do Brasil Central por meio da
navegação interior, procurando estabelecer uma via de transporte para a
produção, ligando a foz do Amazonas à do Prata.A idéia mudancista seria
reafirmada na Constituição Estadual de 1818 em que dizia que, "A cidade de
Goiáz continuará a ser capital, enquanto outra coisa não deliberar o
Congresso".O desenvolvimento do Estado de Goiás durante as três primeiras
décadas do século XX não foi significativo. O extenso território do Estado era
pouco povoado e baseado em economia pecuária e agrícola de subsistência.Apenas
o centro-sul, devido a uma renovação da economia nacional em função da
reorganização cafeeira, é que experimentou uma transformação pela chegada de
migrantes em busca de terras férteis de baixo custo.Essa ocupação ocorreu com
grande dinamismo, provocando o crescimento de Itumbiara, Jataí, Rio Verde e
Mineiros, através da chegada da estrada de ferro que veio facilitar o
transporte. O poder econômico da região, entretanto, encontrava-se independente
do poder político estabelecido em Vila Boa de Goiáz. (MELLO, 1996)A situação
era de tal forma complexa, que a população do Estado duplicava, e a de alguns
Municípios ultrapassava a da capital.
O principal fator que levou a Revolução de
30 foi a crise da política de valorização do café. Essa valorização aumentava o
problema da superprodução cafeeira, já que os preços eram mantidos
artificialmente e levava consequentemente ao aumento do plantio e tendia a
beneficiar principalmente o Estado de São Paulo e dava benefícios reduzidos aos
demais Estados.
O processo de acumulação capitalista
em curso provocou uma luta pelo domínio do poder político estadual, até então
dominado pelos coronéis da família Caiado. O elemento que faltava veio com a
Revolução de 1930.
Isso refletia na desvalorização da moeda, uma vez
que a valorização do café era sustentada por emissões crescentes, no aumento do
custo de vida e no prejuízo aos Estados não cafeeiros, à classe média e ao
proletariado. Com os efeitos da queda da Bolsa de Nova York (1929), em 1930 os
bancos internacionais exigiam maior presteza nos pagamentos das dívidas.
Em 1926, Getúlio Vargas,
que antes era um deputado do Rio Grande do Sul, tornara-se Ministro da Fazenda
ao mesmo tempo em que Washington Luís sucede Artur Bernardes na Presidência da
República. Em 1928, Vargas torna-se Governador do Rio Grande do Sul.Traindo o
acordo "café com leite", Washington Luís indica o nome de Júlio
Prestes à Presidência, acreditando assim que manter os paulistas no poder seria
uma forma de controlar a política econômica-financeira. O candidato mineiro
seria o Governador Antônio Carlos Ribeiro de Andrada.Diante desse quadro,
Antônio Carlos procurou fazer um acordo com o Rio Grande do Sul e a Paraíba,
também marginalizados nesse contexto, que ainda teve o apoio do Partido
Democrático de São Paulo, o que resultou na formação da Aliança Liberal e no
lançamento da chapa Getúlio Vargas-João Pessoa para a presidência e
vice-presidência da República, respectivamente.As eleições foram muito
disputadas e por fim deu-se a vitória de Júlio Prestes (1.097.000 votos) sobre
Getúlio Vargas ( 744.000 votos ). Inicialmente a derrota foi aceita por alguns
líderes da Aliança, por João Pessoa, Borges de Medeiros, e até por Vargas.
Contudo, os políticos mais jovens não aceitaram a situação e entraram em
contato com os tenentes exilados para um levante armado. A conspiração foi
então favorecida pelo assassinato de João Pessoa. O crime, explorado pela
oposição, aumentou a revolta no País.Na verdade a Revolução de 30, significou a
composição de um quadro heterogêneo social e político, para o enfrentamento das
oligarquias. Na análise do historiador Boris Fausto (2000), a revolução não foi
a tomada do poder por uma classe social, até porque "a classe média deu
lastro à Aliança Liberal, mas era por demais heterogênea e dependente das
forças agrárias para que, no plano político, se formulasse um programa em seu
nome". (FAUSTO, 2000, p325)Ainda segundo Fausto "um novo tipo de
Estado nasceu após 1930, distinguindo-se do Estado oligárquico não apenas pela
centralização e pelo maior grau de autonomia como também por outros
elementos". (FAUSTO, op.cit., p.327) Podemos citar dentre os 'outros
elementos', a aliança de classes entre a burguesia industrial e setores da
classe trabalhadora urbana, dinamizando e favorecendo o desenvolvimento e o
aparecimento de novos núcleos urbanos.Da Revolução de 30 surge um novo projeto
de nacionalidade.
O primeiro governo Vargas
estava compromissado com a complexa engenharia de afirmação de um novo caráter
de nacionalidade para o País.Ao mesmo tempo em que marcou o início de uma crise
econômica, em relação a economia dantes cafeeira, 1930 foi um ano importante
por ser um momento de grandes avanços no processo de industrialização do País,
que por sua vez aumentou o crescimento urbano. Houve uma intensa aceleração do
desenvolvimento industrial entre 1930-1945, que vinha desde o início do século,
com a formação de uma indústria de substituição de importações de bens de consumo
correntes (tecidos, calçados, alimentos ).Logo depois de 1929 a indústria
diminuiu seu ritmo de crescimento, mas em 1933 ela voltou a crescer de forma
acelerada. Entre 1929 e 1939 a indústria cresceu 125%, enquanto a agricultura
não cresceu mais que 20%. Durante a Segunda Guerra Mundial a taxa de
crescimento baixou pela impossibilidade de se importar máquinas e outros
equipamentos, mesmo assim houveram grandes avanços no setor. No pós-guerra o
crescimento industrial continuou e em meados de 50, a indústria superou a
agricultura no produto nacional bruto."O surto de desenvolvimento
industrial nos anos 30 resultou de múltiplos fatores. Um dos mais importantes
foi a diminuição da capacidade de importar por causa da crise, enquanto era
mantido um certo nível de renda interna, pela intervenção governamental, que
sustentou os preços do café. Outro fator importante foi a oferta de capitais,
que trocaram a lavoura tradicional em crise pela indústria. Esta também pôde
contar com mão-de-obra barata dos trabalhadores forçados a abandonar o campo. A
intervenção do Estado também foi fundamental e realizou-se primeiramente de
forma indireta, por meio de várias medidas: tarifas protecionistas foram
estabelecidas nos anos de 1930-1931; ao mesmo tempo, eram dados incentivos
fiscais às indústrias, e a classe operária foi controlada especialmente no
tocante aos salários. O Estado realizou também inúmeros investimentos diretos
na montagem de uma infra-estrutura, especialmente nos setores de energia e
transporte, além da indústria de base que se implantou primeiramente no setor
da siderurgia."(CAMPOS, Raymundo C.B. " História do Brasil ",
pág. 213-2ª edição-São Paulo: Atual, 1991)O médico Pedro Ludovico Teixeira2
participava da Aliança Liberal, junto com Antônio Carlos Ribeiro de Andrade,
presidente de Minas Gerais, e o revolucionário Antônio de Siqueira Campos.
Tendo o movimento revolucionário eclodido em 3 de outubro, já no dia 4 Pedro
Ludovico seguiu para Minas, a fim de juntar-se aos revolucionários. Retornou
prisioneiro para Goiás. Entretanto, foi nesse percurso alcançado pela notícia
de vitória da revolução, e chegou ao destino para assumir a liderança do
movimento vitorioso e como conseqüência, é nomeado interventor no Estado.Nesta
época, o sudoeste goiano, representado por Pedro Ludovico, teve a oportunidade
de unificar o poder. O Estado de Goiás tinha, e continuou tendo após a
Revolução de 30, uma estrutura econômica agrária arcaica de acumulação ligada a
terra como capital. Goiânia estava portanto distante do modelo getulista de
industrialização, mas de grande importância como centro urbano do
centro-oeste.
As idéias de Ludovico eram
liberais e progressistas para a época, mas poderiam levar Goiás a se inserir na
Nação efetivando e expandindo o progresso econômico do Estado, integrando-o à
economia do País.Assim, nomeado interventor por Getúlio Vargas, subiu ao poder
liderando o movimento de renovação das forças políticas, assumiu a mudança da
Capital como fator fundamental para se atingir os objetivos, dentro do programa
Marcha para o Oeste .A "Marcha para o Oeste" foi uma política de
cunho nacionalista e desenvolvimentista que visava desenvolver e penetrar para
o interior do País, em direção à Amazônia. Goiânia seria um ponto geográfico,
político e ideológico desse projeto. Seria o símbolo do "grande, novo,
progresso", que tiraria Goiás da insignificância política econômica e
seria o ícone da nova estrutura nacional.De 1930 a 34 Pedro Ludovico foi
interventor, em 34 foi eleito governador por vias indiretas e em 1937 foi
novamente nomeado interventor. Com esses títulos, ele correspondia exatamente
aos anseios políticos e administrativos do presidente, que se fortalecia cada
vez mais com o auxílio dos governos estaduais e municipaisA propaganda política
para sua permanência no poder era a transferência da capital. Duas
justificativas argumentavam essa idéia, a primeira era que a nova capital seria
também um novo centro econômico e um pólo de desenvolvimento para Goiás, pois
valorizaria terras, melhoraria os transportes e consequentemente a comunicação
com as principais regiões do País, além de atrair investimentos. Em segundo
lugar (e mais importante), a transferência da capital representaria o
enfraquecimento da antiga oligarquia oposicionista, ou seja, seria criado um
novo eixo político para o Estado. Para a pesquisadora Márcia Metran
Mello,"A transferência da capital passou a ser bandeira de Pedro Ludovico,
um projeto político para sua sustentação no poder. Duas idéias principais davam
suporte a esse projeto.
A primeira preconizava a nova
capital como um novo centro econômico capaz de trazer novos investimentos,
valorização das terras, melhoria dos transportes, enfim, um novo polo de
desenvolvimento para o Estado. A segunda defendia a mudança do eixo político do
Estado, já que Vila Boa de Goiáz era a sede do antigo governo e o principal
reduto da oposição ao grupo que apoiava Pedro Ludovico". (MELLO,
op.cit.)Ainda segundo o historiador Nasr Fayad Chaul, quando em 1937 Getúlio
Vargas anunciava o Estado Novo, o interventor em Goiás já se antecipara com uma
política que "estabelecia o pânico e censurava as tipografias",
reafirmando seu estilo de acordo com o qual "o jogo político não era para
ser disputado, era para ser vencido, não importando os meios" (CHAUL,
1984), em 23 de março de 1937, com maioria na Assembléia, Pedro Ludovico
Teixeira assinara o decreto de mudança da capital repetindo o que já declarara
a manifestantes;
"Quereis a capital aqui? Pois bem; com a lei
ou sem a lei, pela força do direito ou pelo direito da força, tê-la-eis aqui
muito em breve".
A transferência da
capital não se processou de forma tranquila, pois a oligarquia dominante de
Vila-Boa lutou fortemente para não perder o seu poder. Dona da cidade procurou
manter o controle da camada média da população, com dependência econômica,
política e cultural.A comissão encarregada da escolha do local / adaptação da
nova cidade a ser edificada era bem heterogênea e se compunha dos seguintes
membros: Dom Emanuel Gomes de Oliveira (como bispo, tinha um papel apaziguador
entre os demais), Engenheiro João Argenta (urbanista), Dr. Colemar Natal e
Silva (advogado), Coronel Antônio Pirineus de Sousa (oficial superior do
exército), Dr. Laudelino Gomes de Almeida (chefe do serviço sanitário do
Estado), Antônio Augusto Santana e Gumercindo Alves Ferreira (comerciantes),
além do engenheiro do Estado.Com exceção do engenheiro-urbanista João Argenta,
os membros nomeados não receberiam pelo serviço, a não ser as despesas pelas
viagens. A comissão percorreu Bonfim, Pires do Rio, Ubatan e Campinas,
examinando os locais para se decidir qual seria o mais apropriado para a
construção da nova capital. A comissão técnica deu preferência à área situada
próxima à Campinas.
As exigências levadas em consideração para a
escolha do local foram a proximidade com a Estrada de Ferro Goiás, clima bom,
boa situação topográfica e mananciais de água fáceis de serem aproveitados e
que pudessem abastecer uma cidade de população acima dos 500 mil habitantes.
(TEIXEIRA, 1973)
Decidida a sua construção, por
decreto de dezembro de 1932, teve o local definido para a sua instalação já em
março de 1933, baseado em relatórios da comissão encarregada de escolher o
local da nova cidade capital.Em 4 de março de 1933 essa comissão assim se
manifestou:"...a nova capital seja construída em Campinas, nas
proximidades da "Serrinha", situada na direção azimutal de 130 (cento
e trinta) graus ou, em caso de urgência, em Bonfim". (TEIXEIRA, 1973, p.
75)
Baseado
nesse documento, o Decreto 3359 de 18 de maio de 1933, determinava que a região
às margens do Córrego Botafogo, compreendida pelas fazendas denominadas
Criméia, Vaca Brava e Botafogo, no Município de Campinas, fosse destinada à
construção da nova capital. Em julho de 1933, o urbanista Attílio Corrêa Lima é
contratado para o projeto da futura capital do Estado, conforme o que
estabelecia o decreto 3547. Na realidade o contrato fora firmado com a firma do
Rio de Janeiro, P. Antunes Ribeiro & Cia., da qual Attílio C. Lima era o
preposto.
O território destinado a
construção da nova capital foi formado a partir de doações, mas principalmente
de permutas e vendas de terras, tornando o Estado o proprietário do território
de 3 643 hectares e 14 ares. Os fazendeiros doadores de terras tiveram o
privilégio no processo de construção e povoamento da cidade, na reserva de
áreas do núcleo urbano para sua habitação e a super valorização previsiveis.
Tiveram ainda outros privilégios na exploração de materiais necessários à
construção da cidade, como madeiras, saibros e areia.A Prefeitura de Goiânia
era a gestora do território, instalou-se em Campinas gerida por Venerando de
Freitas Borges, prefeito no período 1935-1945.
As obras foram iniciadas através de empréstimos
realizados pelo governo Federal, além de doações de verbas feitas também pelo
Governo Federal. O interventor fez publicar em 13 de janeiro de 1933 o Decreto
2 851, em que autoriza os empréstimos estaduais.
muito bom
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