sábado, 15 de outubro de 2011

HISTÓRIA DE GOIÂNIA - VI NO DOSSIÊ DE GOIÁS


Hélio de Oliveira / Colorização Josenval Júnior

Avenida Anhanguera com a rua 20, no centro. Década de 40
"E o povão foi chegando e se ajeitando pelos bairros Popular e Botafogo e outros que surgiram mais distantes - Vila Nova, Nova Vila, Vila Operária e Macambira, que virou Setor Pedro Ludovico. Goiânia crescia, orgulhosa, aos olhos dos campineiros que faziam fé que, um dia, suas ruas chegariam a Campinas. Mas duvidavam, pois, entre a Capital e o bairro que lhe deu sustento, havia nada menos que seis quilômetros de matas. E ainda mais: como remover o aeroporto que começava no fim da Avenida Tocantins?

Reprodução

A foto de 1935 mostra os ranchos de pindaíba, mal cobertos por folhas de buriti e bacuri que abrigaram o primeiro mercado de alimentos de Goiânia. No chão, à beira do rancho, aparece uma capoeira (espécie de gaiola cilíndrica trançada com tiras de bambu) utilizada no transporte de galinhas vivas
Era ali mesmo, no cruzamento das avenidas Paranaíba e Tocantins, que começava o aeroporto de Goiânia, onde aterrissavam aviões da Vasp e Panair e onde Getúlio Vargas desceu, em 1940, para inaugurar o Jóquei Clube. E o povo chegava de aeroplano, chegava de carroça, de caminhão que descia desembestado dos caminhos do Norte, e vinha de mala e bagagem, para ficar com Pedro Ludovico, braços fortes a erguer prédios, capinar ruas, furar buracos para a passagem dos canos de água que caia límpida nos elegantes bangalôs das ruas de números numéricos, com ligeira semelhança às denominações das avenidas de Nova York".

TESTEMUNHA DA HISTÓRIA
D. Goiás

José M. Teles: a vida de Pedro Ludovico
A descrição entusiasta de quem pesquisou toda a história de Goiânia e testemunhou parte do seu processo de crescimento, é do escritor José Mendonça Teles e faz parte do livro "A Vida de Pedro Ludovico", uma das mais completas obras sobre a vida do fundador da capital.
A narrativa, que mostra a pressa dos pioneiros em ocupar seus espaços, faz lembrar as carruagens dos norte-americanos quando do povoamento do Oeste. Daí talvez porque, ainda que involuntariamente, deu-se às primeiras ruas de Goiânia "números numéricos com ligeira semelhança às denominações das avenidas de Nova York".
Para registrar a história da criação de Goiânia, voltemos ao livro de Mendonça Teles. "A idéia de mudar a Capital, vinha desde 1753, com o primeiro governador da Província de Goiás, Dom Marcos de Noronha (Dom Marcos lançou a idéia de transferir a capital de Vila Boa para o arraial de Meia-Ponte, atual Pirenópolis).
Em 1830, o segundo presidente da Província, Miguel Lino de Morais, idealizou a transferência da Capital para a região do Tocantins, mais ou menos nas proximidades de Niquelândia. Couto Magalhães, governador da Província em 1863, advogou a tese de transferência da Capital para as margens do Araguaia.
A mudança da capital passou a ser também um projeto do governador Pedro Ludovico Teixeira.
Assim, pelo Decreto nº 2737, de 20 de dezembro de 1932, ele nomeou uma comissão presidida pelo bispo Dom Emmanuel Gomes de Oliveira, tendo o jovem professor Colemar Natal e Silva como secretário, para proceder aos estudos atinentes à adaptação ou escolha de local para nele ser edificada a nova cidade".
O livro destaca ainda que o resultado da Comissão veio com substancioso relatório que apontava as terras situadas no município de Campinas, para a edificação da futura Capital. "De posse do relatório, Pedro Ludovico resolve ouvir um dos mais competentes urbanistas brasileiros, Armando de Godoi. O relatório desta autoridade, assinado em 24 de abril de 1933, empolgou o Interventor que apressou o lançamento da pedra fundamental da futura Capital, fato ocorrido em 24 de outubro de 1933".
O nome da nova capital foi sugerido pelo professor Alfredo de Faria Castro, vencedor de concurso realizado em outubro de 1933 pelo jornal O Social. Em 2 de agosto de 1935, Pedro Ludovico, eleito governador no ano anterior, assinou o decreto que começava a organizar a Capital e que criava a comarca de Goiânia, da qual foi o seu primeiro juiz o dr. Heitor de Moraes Fleury.

CEDOC/OJC

Governador Pedro Ludovico assina o decreto 1.816, mudando em definitivo a capital de Goiás
para Goiânia, em 3 de março de 1937. Da esquerda para a direita: João d´Abreu, Irani Ferreira, Albatênio Caiado Godói, Manoel Gomes Pereira, Solon de Almeida, Colemar Natal e Silva, Belarmino Cruvinel, Benedito Silva Albuquerque, Joaquim Câmara Filho e João Melo
DECRETO DA MUDANÇA
O Batismo Cultural de Goiânia ocorreu no dia 5 de julho de 1942 na presença de expressivos nomes da política brasileira.
Para contar a história do centro de Goiânia, o Instituto de Planejamento Municipal - Iplan, em seu projeto "Goiânia 21", preparou um completo levantamento sobre a ocupação da capital a partir de 1940. Conta o projeto que neste ano, o Censo Demográfico já apontava uma população urbana da ordem de 18.889 pessoas, com predomínio de funcionários públicos, comerciantes, especuladores imobiliários e remanescentes da fase de construção.
Goiânia foi construída às margens do Córrego Botafogo, nas terras das fazendas Criméia, Vaca Brava e Botafogo, pertencentes ao município de Campinas. Sua concepção, proposta por Atílio Corrêa Lima, reformulada e complementada por Armando Augusto de Godoy, foi inspirada no projeto que o urbanista Unwin traçou para a cidade de Letchwhorth, protótipo das cidades jardins concebidas por Ebnezer Howard, em fins do século passado.
A partir de outubro de 1935, já sob a coordenação de Armando Augusto de Godoy, a cidade até então restrita às zonas central e Norte (antigo bairro Popular) teve reformulado o seu Plano Diretor com a proposição do parcelamento do Setor Oeste e fortes modificações do arruamento do Setor Sul.
As primeiras obras de infra-estrutura foram realizadas em 1940 e o crescimento da cidade tornou-se mais acelerado com novos parcelamentos. Em 1947 foi aprovado o Código de edificações de Goiânia que abrangia toda a legislação urbana.

Reprodução

Venerando:
”Não aceito cabresto”
PRIMEIRO PREFEITO
Em "A Vida de Pedro Ludovico", Mendonça Teles registra as circunstâncias em que se deram a nomeação do primeiro prefeito de Goiânia. "Governando da cidade de Goiás, Pedro Ludovico procurava uma pessoa para administrar a nova Capital, e sua atenção voltou-se para os artigos favoráveis à mudança, escritos nas páginas do Correio Oficial e assinados com o pseudônimo de "A. Santos Leal", "Marcos Ventura" e "Dora Fréges".
Chamou o assessor Celso Hermínio e lhe pediu que levasse o jornalista ao Palácio. O jornalista, jovem de 27 anos, era Venerando de Freitas Borges, e o diálogo foi rápido e ríspido, característico da personalidade dos dois grandes estadistas:
- Quer ser Prefeito da nova Capital?
- Depende.
- Depende de quê?
- Não aceito cabresto.
Diante de tal atrevimento, Pedro Ludovico determina ao Secretário de Governo, Jorge de Moraes Jardim:
- Jorge, lavre o Decreto, este moço me serve.
Assim, no dia 7 de novembro de 1935, nomeado Prefeito de Goiânia, o jovem Venerando pegava o Fordinho 29 e rumava para a nova "Canaã".
No ano de 1937, mais exatamente em 23 de março, houve a mudança definitiva da Capital.
Hélio de Oliveira / Colorização Josenval Júnior

Desbravando o cerrado
Goiânia já ganhara vários prédios públicos. Gente de todo o Brasil continuava a chegar. A mais nova capital brasileira transformava-se na esperança de vida melhor para aqueles que aceitavam o desafio de desbravar o cerrado.
A foto da década de 50 mostra o asfaltamento da segunda pista da Av. Anhanguera próximo do Lago das Rosas
Em 1950 a população já tinha saltado para 53.389 pessoas, das quais 40.353 na área urbana. Área que era basicamente constituída pelos setores Central, Norte, Sul, Oeste e cidade satélite. Um rápido crescimento que superava o planejamento inicial de uma população total de 50 mil habitantes mas que seguia, ainda, basicamente, o Plano de Urbanização de 1930.
Os anos cinquenta foram assim descritos por Mendonça Teles em "A Vida de Pedro Ludovico":
No início dos anos cinquenta, a fotografia aérea de Goiânia mostra a cidade acabando nos muros do Jóquei Clube, por que daí, em direção a Campinas, havia a estrada de duas pistas, sem asfalto, guardada por longas fileiras de arame, coberta de campos e matas e à direita, a área de segurança do Aeroporto. Na baixada, o Lago das Rosas, e o Horto Florestal com seus encantos e mistérios. E domingo era aquele mutirão de gente que os buscava para curtir as suas horas de lazer.
Hélio de Oliveira / Colorização Josenval Júnior

Aeroporto de Goiânia na década de 50
Não há vivente dessa geração que não tenha mergulhado seus sonhos e prazeres nas águas verdes do Lago das Rosas ou descansado piquinique nas matas do Horto Florestal. A bicicleta era o principal meio de transporte, e chegaram a dizer que Goiânia só perdia para Joinville, em Santa Catarina, tal a quantidade de veículos que cruzavam pelas ruas. Jussara Marques, a nossa Miss Brasil, pedalava, pedalava...
Campinas praticamente vivia da Praça Joaquim Lúcio ao Largo da Matriz, onde o Colégio Santa Clara surgia, imponente, escondendo por trás de suas paredes misteriosas os olhos do amor platônico, simbolizado naquele uniforme azul e branco, "trazendo um sorriso franco/num rostinho encantador". E Goiânia escorria sua gente no trajeto da Praça do Bandeirante ao Cine Teatro Goiânia, ou, aos domingos, nas matinês dançantes do Jóquei, nos cines Santa Maria e Goiás, ou ainda no futebol do Estádio Pedro Ludovico, a arrastar apaixonados dragões e carijós.
O Ateneu Dom Bosco, em regime de externato e internato, cuidava da parte cultural, esportiva e espiritual dos nossos moços, enquanto o Colégio Santo Agostinho esmerava na beleza de nossas meninas. O Lyceu de Goiânia, a Escola Técnica Federal e o Instituto de Educação modelavam a juventude para o Brasil de amanhã.

BERÇO DE GOIÂNIA
Reprodução

Praça Joaquim Lúcio:
ponto de encontro nas décadas de 50 e 60
Campinas carregava as honras de ter cedido as terras para a edificação da nova Capital. A sociedade era fechada, as famílias tradicionais, extremamente religiosas. E a geração nova de Goiânia procurava ridicularizar os campineiros. Daí, as sérias desavenças que surgiam, desavenças essas levadas para o campo esportivo, onde o Atlético desafiava o Goiânia com Foca e tudo. Pois bem, o moço goianiense, quando chegava sábado, dizia para os amigos, num tom de machismo: "Hoje é sábado, tenho que ir a Campinas trocar o óleo!".
Arroubos da juventude, pois, no fundo, havia aquela goianidade, aquele sentimento de que, um dia, tudo seria Goiânia, pois as habitações já se erguiam por trás do Aeroporto, onde o córrego Capim Puba já recebia os primeiros sinais de poluição. E a vila Cristo Redentor se aconchegava às fraldas do nascente Setor dos Funcionários.

Hélio de Oliveira

Lotação que fazia
o percurso Goiânia/Campinas
SONHO COLORIDO
Nos anos 60, quando nem se pensava em Transurb, o lotação prestou relevante serviço no transporte coletivo entre Goiânia e Campinas.
Goiânia era um presépio do sonho colorido. A Praça Cívica ostentava a sua beleza com os obeliscos apontados para o céu. O coreto, guardião das retretas das "furiosas" e dos comícios políticos, dormia a sonolência da tarde. De vez em quando "Luizinho Louco", ou "Seu Marido Morreu", chegava para descansar o corpo carregado de impropérios. O asfalto descia pela Tocantins, Araguaia e Goiás e se fechava na Paranaíba, passarela dos Studebaker, Prefect, Austin e V-8, que transitavam preguiçosos naquelas tardes do nada. Em frente ao Grande Hotel, "Burro Preto", com seu inconfundível terno branco, exercitava a democracia nos gestos e na voz, atraindo para si a atenção dos goianienses que riam de suas excentricidades. E o "Badu?" Que breca levou aquele crioulo metido a sebo, que tomava pileques no Tip Top? E o "Zé Tintureiro?", aquele "letrado" e elegante crioulo que descia a rua saudando todo mundo: - Olá, Excelência, olá, Reverendo, olá, Majestade! E quando o Zé danava a falar francês? Falava tão bonito que a gente chegava a acreditar que era francês mesmo. E a "Mulher do Arara?" Bonita, cabelos longos, trazendo nos ombros a arara de penas azuis e amarelas, naquele andar incerto, místico, pelos cantos da Cidade. Tipos de rua desfilando eternamente na memória.
E o Zé Décio? Seu único livro, "Poemas e Elegias" publicado em 1953, foi o bastante para consagrá-lo como um dos grandes poetas de Goiás. Sua fama cresceu, atravessou fronteiras, mas Zé Décio não mais publicou livros. Acabrunhou-se, entristeceu-se, brigou com o mundo. Sempre era visto nas imediações do Grande Hotel, calado, cabeça baixa, andando naqueles passos poéticos tristes. Não conversava com ninguém. Diziam que o poeta estava louco. Mesmo assim não deixava de produzir versos, inéditos, escritos em qualquer pedaço de papel, hoje disputados por amigos".
Neste período que vai até 1955, de acordo com o projeto "Goiânia 21", Goiânia experimenta um crescimento moderado para uma cidade recém-implantada, calmaria que vai desaparecer com a aceleração do fenômeno migratório no Brasil e especialmente com o início da construção de Brasília e das obras viárias promovendo a ligação do Planalto Central com o resto do país.
Estas afirmações não diminuem, entretanto, a importância para a nova capital de surtos de crescimento populacional causados por fatos notáveis, como a chegada da ferrovia (1951) a política de interiorização de Vargas (1951-1954) a inauguração da Usina do Rochedo (1955). Em 1960 Goiânia já contava com 150 mil habitantes.


Hélio de Oliveira / Colorização Josenval Júnior

Rua 10, no centro
ENTRE AS METRÓPOLIS
A década de 60, na descrição de "A Vida de Pedro Ludovico", marca a arrancada definitiva de Goiânia rumo à imponência, à busca de seu espaço entre as maiores e mais belas metrópoles brasileiras.
A década é da Goiânia do Lanche Americano, do Casablanca, das meninas do Lyceu e das paradas de 7 de Setembro, da coluna social do LBP, o Lourival Batista Pereira. Pela manhã o goianiense é acordado pela voz do jornaleiro-mirim “Foooolha de Goiás de hooooje! Poooopular de hooooje! ou o grito poético do padeiro, anunciando o pão-nosso de cada dia: - Padeeeeiro!”
A cidade crescendo, os bairros surgindo distantes, Vila Coimbra, Setor Universitário, Setor Ferroviário, Setor dos Funcionários, Setor Sul, Setor Oeste, Setor Aeroporto, Setor Fama, Vila Abajá, Vila Santa Helena, Setor Pedro Ludovico, mudando a fisionomia da cidade e requerendo infra-estrutura, transportes, energia, escolas.
Surgem as universidades Católica e Federal, segurando os nossos jovens que buscavam os grandes centros, matéria-prima privilegiada para expandir o desenvolvimento. Brasília, sonho de Dom Bosco e realização de JK, encosta nos calcanhares de Goiânia, trazendo, para o Centro-Oeste, as atenções universais.
Pedro Ludovico, de sua casa na Rua 26, envelhecendo com a cidade, vai assistindo à brutal transformação de sua Goiânia e de seu Goiás sem "y" no meio. Zoroastro Artiaga vai juntando as peças da história para o Museu que leva seu nome.
O Aeroporto muda para o Bairro Santa Genoveva e, em seu lugar, surgem espigões de apartamentos, dando nova feição à parte Norte da cidade que já se emenda com o Setor Fama, Vila Operária e Setor dos Funcionários, entrando em suas ruas no Bairro de Campinas.
A grande Goiânia parece surgir na extensão horizontal-vertical de seus novos bairros, inúmeros, a descaracterizar o plano piloto do paulista Atílio Corrêa Lima: Jardim América, Setor Bueno, Nova Suíça, Vila Redenção, Vila Canaã, Bairro Feliz, Jardim Novo Horizonte, Setor Sudoeste, Vila Bethel, Setor Criméia Leste, Vila Ana Maria, Parque Amazonas, Jardim Guanabara, Cidade Jardim, Setor Urias Magalhães, Vila São José, Setor Moraes, Setor Capuava, Setor Jaó, Vila Yate, Parque das Laranjeiras, Setor Rodoviário, Jardim Esmeralda, Jardim Meia Ponte, Vila Isaura, Setor Bela Vista, Vila União, Vila Cel. Cosme, Vila Lucy, Vila Viana, Conjunto Riviera, Jardim Presidente, Jardim Califórnia e outros mais humildes que vão surgindo nas baixadas do Meia Ponte, Anicuns, João Leite, rios de infância, correndo na memória de todos nós.
E Goiânia está sorrindo; não é mais a menina que brincava de cabra-cega nas várzeas do Capim Puba e se banhava, às escondidas, nas águas do Botafogo. Não é mais a Goiânia de 1933 da pedra fundamental das terras doadas por Andrelino de Morais; Goiânia de 42, do Batismo Cultural, da Revista Oeste - cultura falando mais alto na imensidão do planalto. A Goiânia de hum milhão de habitantes está crescendo, agiganta-se, suas ruas transbordam além do Meia-Ponte. Os ribeirões João Leite, Anicuns, Cascavel, Santo Antônio e Capivara, que antes deslizavam virgens, guardados pelas matas densas, correm desnudos pelos fundos dos quintais.
O estudo realizado pelo Iplan aponta que a partir de 1970 e mais rapidamente de 1975, a cidade expandiu significativamente o seu parcelamento urbano. E, embora Goiânia aumentasse fortemente sua população (em 1980 já possuía cerca de 700 mil habitantes, com apenas 2% na zona rural) as exigências para novos loteamentos aumentava o valor dos lotes urbanos e fazia surgir grande número de loteamentos nas cidades vizinhas, com oferta dirigida especialmente para as classes de renda mais baixa.

Sebrae

Marginal Botafogo
GOIÂNIA FORTE, RESOLUTA
Chegamos à geração 70. Goiânia apresenta-se forte e resoluta em sua caminhada rumo ao destaque que conquistaria mais tarde no cenário nacional. Em seu livro, Mendonça Teles descreve a Capital "com milhares de carros conduzindo homens apressados, em busca do primeiro minuto. Três canais de televisão, três jornais diários e outros semanários, um estádio de futebol entre os primeiros do Brasil, Serra Dourada, do Vila Nova, do Atlético, do Goiás e do Goiânia e o povão de radinho em punho e o grito de gol quebrando a tarde de domingo, que se emenda até a Praça Tamandaré, onde motoqueiros fazem acrobacias nos olhos da namorada. Siron Franco, o menino prodígio, assombra o Brasil com suas telas onde "pululam anões", velhas caquéticas, bispos croróticos, potentados góticos, figuras catapléticas, "carcaças carcomidas", no dizer de Millôr Fernandes. Omar Souto, Cleber Gouveia, Amaury Menezes, D.J. Oliveira, Alcione, Vanda Pinheiro e Iza Costa vão gravando, em suas telas, a caminhada do homem e as coisas que o amarram ao universo. Maria Guilhermina, Poteiro e Neusa Moraes dando vida e sentimento às coisas inanimadas, esculturas vivas movimentando o nosso universo cultural".
Buscar instrumentos de desenvolvimento capazes de beneficiar as áreas intra-urbanas, a fim de promover o crescimento sustentável e ordenado do território, com a consequente melhoria da qualidade de vida da população. Essa é uma das premissas básicas da Região Metropolitana de Goiânia que, além da Capital, envolve outros dez municípios conurbados ou próximos geograficamente.
Muitos dos problemas que afetam as populações dos municípios envolvidos poderão ter solução mais rápida com a área metropolitana. Esses entraves se afloram com mais ênfase na questão do uso do solo, transporte urbano, geração de emprego e renda e infra-estrutura social como saúde, educação, habitação e segurança pública.
Reprodução

Praça Joaquim Lúcio:
ponto de encontro nas décadas de 50 e 60
Somente com a implementação de ações conjuntas rápidas e eficazes por meio de parceria do Governo Estadual, dos municípios e da iniciativa privada poderão ser solucionados os grandes problemas que vão se acumulando ao longo dos anos como consequência do rápido crescimento populacional e pela ocupação desordenada do solo, além da crescente demanda por serviços públicos.
Aprovada pela Assembléia Legislativa no final de 1999, a Região Metropolitana de Goiânia encontra-se em fase de consolidação. Para consecução dos objetivos propostos, a área metropolitana de Goiânia está sendo gerida pelo Sistema Gestor da Região Metropolitana de Goiânia, que compreende o Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Goiânia, a Secretaria Executiva da Região Metropolitana de Goiânia e ainda por organismos ou entidades municipais responsáveis pelo desenvolvimento urbano, em cada município.

USO DO SOLO
Goiânia, Abadia de Goiás, Aparecida de Goiânia, Aragoiânia, Goianápolis, Goianira, Hidrolândia, Nerópolis, Santo Antônio de Goiás, Senador Canedo e Trindade são os 11 municípios que compõem a Região Metropolitana de Goiânia. A população da área atinge 1,6 milhão de pessoas, ou 36% dos habitantes do Estado, concentrados em apenas 1,5% da área territorial de Goiás.

Municípios da Região
Metropolitana de Goiânia
Estimativa da população - 1998
Município
Área / Km2
Urbana
Rural
Total
Goiânia
743
1033711
5519
1039230
Abadia de Goiás
136,9
-
-
3553
Aparecida de Goiânia
290,1
306244
0
306244
Aragoiânia
219,5
3795
2310
6105
Goianápolis
163
10.148
742
10890
Goianira
201,1
16192
473
16665
Hidrolândia
947,4
6125
5391
11516
Nerópolis
204,9
15269
1447
16716
Santo Antônio de Goiás
133,3
-
-
2656
Senador Canedo
245,6
47059
1492
48551
Trindade
719,7
70558
4636
75194
TOTAL
40045
-
-
1.537.320
Com a aprovação da Região Metropolitana de Goiânia, através da lei complementar nº 027, foi criada também a Região de Desenvolvimento Integrado de Goiânia, na forma de uma microrregião composta por sete municípios: Bela Vista, Bonfinópolis, Brazabrantes, Caturaí, Inhumas, Nova Veneza e Terezópolis de Goiás. Todos os parâmetros de funcionamento e atribuições dessa região estão em discussão pelo Governo e definidos em lei ordinária.
A principal característica que diferencia a Região Metropolitana de Goiânia da Região de Desenvolvimento Integrado de Goiânia é quanto às normas sobre uso e parcelamento do solo: na área metropolitana essas questões ficam sob a anuência prévia do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Goiânia ou seja, do órgão metropolitano gestor. Para isso foi criada na lei complementar que normatiza a Região Metropolitana de Goiânia a Câmara Temática para uso e parcelamento do solo, que funciona em caráter permanente, para analisar e estudar todas as questões ligadas ao assunto, com participação ativa da sociedade organizada.

PRIMEIRAS REGIÕES
As primeiras regiões metropolitanas foram criadas no País pelo Governo Federal, por determinação da Constituição de 1967. Em 8 de junho de 1973, a Lei Complementar nº 14 estabeleceu as regiões metropolitanas de São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, Curitiba, Belém e Fortaleza.
A Constituição de 1988 deu maior autonomia aos Estados e Municípios, transferindo a eles o poder de criação de regiões metropolitanas.
Assim, nos últimos anos surgiram no Brasil as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro (hoje extinta devido a dificuldades de gestão), da Baixada Santista, da Grande Vitória, de Londrina e Maringá.

PRIMEIRAS REGIÕES
Até o final de 2001 estarão concluídas as obras de construção da Estação de Tratamento de Esgoto de Goiânia - ETE. O programa de implantação da ETE e despoluição da bacia do Meia Ponte, propiciará o renascimento da importante malha hídrica que corta a Capital, com reflexos altamente positivos para a melhoria da qualidade de vida da população, beneficiando ao todo 2 milhões de pessoas.
O tratamento do esgoto sanitário é uma reivindicação antiga da população goianiense e dos 36 municípios que integram a bacia do Meia Ponte. Ao longo dos anos este rio vem recebendo praticamente todo o esgoto coletado na Capital, sem tratamento. Hoje, apenas 7% do esgoto coletado em Goiânia é reciclado. Com isso, aproximadamente 100 quilômetros do rio, à jusante de Goiânia, estão comprometidos em decorrência dessa contaminação.
Com a estação, 70% do esgoto passará a ser tratado. O restante, receberá tratamento por intermédio de pequenas estações a serem construídas posteriormente.
A Estação de Tratamento de Esgoto de Goiânia, chamada ETE Anicuns, está sendo construída dentro das mais modernas especificações técnicas às margens do rio Meia Ponte, logo após a confluência do Ribeirão Anicuns, na Região Norte, próxima ao Goiânia 2. O sistema Anicuns, que compreenderá o esgotamento das bacias do Ribeirão Anicuns e demais afluentes da margem direita do Meia Ponte, do Córrego Caveirinha e do Ribeirão João Leite, terá um único e principal pólo de tratamento dos esgotos, a ETE Anicuns.
A recuperação ambiental do Meia Ponte, a ser proporcionada pela implantação da ETE, beneficiará, além da Capital, os municípios de Aparecida de Goiânia, Hidrolândia, Mairipotaba, Pontalina, Aloândia, Bom Jesus de Goiás, Senador Canedo, Bela Vista de Goiás, Piracanjuba, Morrinhos, Goiatuba e Panamá, atendendo, na primeira etapa, uma população de aproximadamente 800 mil habitantes. Até o final de 2005, a ETE será expandida para atender mais 1,2 milhão de pessoas.
Um convênio do Programa de Execução Descentralizada, firmado pelos governos do Estado e Federal, garantirá a recomposição das matas ciliares do Meia Ponte através da instalação de viveiros em 22 dos 36 municípios que utilizam recursos do rio, ou são por ele cortados.
Divulgação

Vista parcial do Parque Vaca Brava em Goiânia
A CLASSE MÉDIA
VAI AO PARAISO
Goiânia, 2005. Eixo de um aglomerado urbano com cerca de 2 milhões de habitantes, com forte adensamento demográfico na própria capital e sua irmã–gêmea, Aparecida, a cidade está implantando finalmente seu metrô de superfície, pois ainda enfrenta agravados problemas de trânsito e se tornou uma das principais referências brasileiras do turismo de eventos, o que determinou o apressamento do projeto de novo aeroporto.
Em meio a este cenário que podemos imaginar como bastante plausível, não obstante problemas como o do trânsito a população busca mais qualidade de vida e o estilo de morar de boa parte da população da classe média mudou : esta parcela dos moradores migrou para os condomínios horizontais.

Divulgação

Ilustração do alto nível dos condomínios horizontais
CONDOMÍNIOS HORIZONTAIS
Incrementados em Goiânia desde o início do século e do milênio, os condomínios horizontais ajudaram a otimizar as atividades da construção civil, contribuiram para abrir mais espaço no mercado de trabalho e resultaram até na elevação da receita de IPTU tanto da Prefeitura de Goiânia quanto da Prefeitura de Aparecida.

Fotos: Crea 

Sede Regional do CREA no setor Universitário
CREA
UM NOVO E DINÂMICO PAPEL
Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia - Crea-GO- redimensionou o zelo com o trabalho de fiscalização das obras que por lei exigem a responsabilidade técnica de profissionais integrantes das categorias representadas no sistema Confea.

Esta significa na verdade um envolvimento com a cidadania, com a defesa dos direitos e dos interesses em geral do cidadão, porque ao inspecionar uma obra, verificando se está sendo atendida a obrigatoriedade do registro de responsabilidade técnica e de atendidas também todas as normas legais, nós estamos defendendo este cidadão e sua comunidade sob vários aspectos.



Presidentre do CREA, José Luiz Prudente
O cidadão tem o direito de se sentir seguro e envolvido por bem-estar na edificação que tomará como seu domicílio, como seu local de trabalho ou à qual tenha de comparecer seja qual for a finalidade. Quando a fiscalização diz respeito à questão ambiental, o Crea representa uma coletividade que não quer ver o meio em que vive sofrendo qualquer tipo de agressão ecológica.
Um exemplo recente do desempenho do Crea é o caso do Centro Administrativo.
Se fosse possível recuar no tempo para refazer decisões político--administrativas equivocadas, não importa se adotadas com a melhor das intenções, seria possível também refazermos a própria história - e o progresso da humanidade não sofreria tantos entraves.
A edificação do Centro Administrativo, concebido para ser espécie de alma arquitetônica da administração estadual, centralizando as secretarias de Estado e os principais demais orgãos estaduais, originou-se dos melhores propósitos e da melhor intenção. Como a velocidade do impulso de expansão da cidade era, na época, imprevisível, este fator contribuiu muito para tornar equivocada a decisão de construí-lo nesse local.
A primeira fase da edificação foi no Governo Mauro Borges (1961-1964). Ela foi interrompida por força de acontecimentos políticos, entre os quais a intervenção federal que afastou esse governador - e foi retomada e concluída no Governo Leonino Caiado (1971-1975).
Hoje, passados quase três décadas, e neste momento em que se estabelece polêmica a respeito do destino do Centro Administrativo, pois há até os que defendem a sua desativação completa, com a implosão do grande edifício, a sociedade tem de ser ouvida mais do que nunca. Estamos no dramático debate pós--incêndio do Centro Administrativo. Neste momento, qualquer novo equívoco será irremediável.
Como peça importante e, neste caso, inclusive por sua responsabilidade técnica, da sociedade organizada, o CREA-GO- tem o dever de traduzir os interesses da sociedade nesta questão.
O Governo do Estado, através de imediata e expressa manifestação do governador Marconi Perillo, agiu com sensatez e prudência. Decidiu-se pela interdição do prédio e pela realização dos imediatos estudos técnicos. Encarregada dessa providência, a Agência Goiana de Transportes e Obras Públicas - Agetop - solicitou os estudos às pessoas certas e capacitadas - os professores da Escola de Engenharia Civil da Universidade Federal, o doutor Enio Pazini Figueiredo e o mestre André Geyer. Tiveram eles, conforme fazem questão de dizer, na introdução do Relatório Técnico que produziram, a valiosa e imprescindível colaboração da engenheira Célia Maria Costa Roriz e da arquiteta Rosa Pacheco, da Agetop, e dos engenheiros Irineu Francisco Sinício e Roger Couto, da mesma instituição.
Este relatório técnico tornou-se a base das decisões que foram tomadas, pois iluminou o que estava escuro depois do incêndio. O CREA compareceu com o oferecimento de toda cooperação que lhe foi possível, cumprindo seu papel em nome da sociedade organizada.
O presidente do Crea, enmgenheiro José Luiz Prudente D' Oliveira, sustenta que engenharia social e desenvolvimento sustententável, cidadania e ética são termos que têm de ser levados do discurso para a prática. Acha que se os profissionais de nossas áreas tecnológicas não foram atores com papel relevante no processo de transformações neste País, o Brasl não dará o salto desejado e não conseguirá o efetivo avanço social. A canalização da tecnologia para o apressamento de conquistas que efetivamente resultem em bem-estar social é uma missão fascinante, mas desafiadora - e impossível sem, o pleno concurso do profissional das diversas especialidades de engenharia, da arquitetura e da agronomia.
Como fazer isto, com a urgência que este também fascinante e desafiador início de milênio exige? Mobilizando as áreas tecnológicas, fazendo com que elas sejam ouvidas em todas as decisões e estejam em todas as iniciativas pelo progresso social.

Da esquerda para a direita
o vice-reitor, Paulo Alcânfor Ximenes, a reitora da UFG, Milca Severino, o presidente do CREA José Luiz Prudente e o assessor de imprensa Helton Lenine
Os compromissos do Crea com a comunidade exigem que tenha participação efetiva nas decisões que digam respeito ao meio ambiente, ao abastecimento, à construção e à localização das escolas conforme as conveniências urbanas e das famílias.
Profissionais das áreas tecnológicas têm muito e ver até com a questão da saúde pública, pois ela se articula muito, hoje em dia, com a as condições ambientais e com a política e os programas de saneamento básico. O engenheiro e o arquiteto que planejam, o engenheiro sanitarista ligado à concepção e à construção dos sistemas de saneamento, o engenheiro ambientalista trabalhando contra as agressões à natureza e ao homem.
A qualidade de vida do cidadão brasileiro exige cada vez mais esta intervenção, pois até a democratização da oportunidade de uma alimentação sadia depende da engenharia de alimentos.

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