domingo, 1 de agosto de 2010

01/08/2010 07h24 - Atualizado em 01/08/2010 08h39 Recenseadores vão às ruas e iniciam pesquisa para o Censo 2010

A partir deste domingo (1º) e até 31 de outubro, mais de 190 mil recenseadores vão às ruas com a missão de visitar os 58 milhões de domicílios brasileiros. O procedimento ocorre, em geral, de dez em dez anos, e vai coletar dados para o Censo 2010, um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A coleta de dados para o censo se dá presencialmente, por meio de entrevistas feitas pelos recenseadores com um ou mais moradores de cada domicílio. "É uma operação absolutamente transparente e bastante trabalhosa. Serão feitas visitas exaustivas para garantir que todos os domicílios, sem exceção, sejam recenseados", diz o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes.

A megaoperação, que envolve cerca de 230 mil pessoas pelo país, conta, além dos recenseadores, com analistas censitários - envolvidos no planejamento do censo; e agentes censitários - responsáveis pela logística e acompanhamento da coleta de informações.

Para garantir que todas as residências fossem visitadas, o IBGE dividiu o território brasileiro em 314 mil setores, chamados setores censitários. "Durante os primeiros meses deste ano, percorremos 224 mil desses setores para catalogar todas as casas de endereçamento definido. Os setores que ainda não foram visitados são rurais ou não têm endereçamento regular. Ainda assim, eles estão mapeados e todos esses dados estarão no computador de mão usado pelo recenseador", diz Nunes.

De acordo com o IBGE, o censo é a única pesquisa que visita todos os domicílios do país para traçar um perfil abrangente da população. Os resultados são repassados ao Tribunal de Contas da União (TCU) e servem de parâmetro para o repasse de verbas federais a cada cidade. A partir das estimativas populacionais são definidas as cotas do Fundo de Participação dos Estados e do Fundo de Participação dos Municípios, segundo o Instituto.

Recenseador CensoRecenseadores usam colete, boné e crachá
(Foto: Divulgação/IBGE)

Como identificar os recenseadores
Colete, boné e crachá fazem parte do uniforme dos recenseadores do IBGE ao visitar os domicílios. Por isso, antes de receber alguém em sua casa, verifique a veracidade das informações.

As peças do uniforme do recenseador são devidamente identificadas com o logo do Censo 2010 e com o nome do IBGE. O agente também deve estar portando o PDA, computador de mão usado para a coleta de dados em todo o país.

Veja modelo de crachá dos recenseadores

No crachá, devem constar o nome e a foto do funcionário. Ainda assim, o cidadão pode, se preferir, entrar em contato pelo telefone 0800 721 8181 para confirmar se a pessoa é, de fato, recenseadora do Instituto.

Quem será recenseado
O objetivo para o censo é contabilizar moradores. Portanto, a população é enumerada em seu local de residência habitual. Mas qual a situação de presos, moradores de rua, ou pessoas que vivem em abrigos?

Segundo Marco Antônio Alexandre, coordenador técnico do Censo, todos os moradores de domicílios coletivos (hotéis, pensões, presídios, asilos, hospitais etc.) serão recenseados, assim como aqueles que vivem em moradias improvisadas, como bares, galpões e tendas. "Se o morador de rua voltar à noite para um albergue, será contabilizado no local. Se a família tiver uma casa e ele retornar periodicamente, também será recenseado. Inclusive moradores de locais improvisados, como túveis e viadutos, integrarão a pesquisa", diz.

No caso de moradores de rua que não tem sequer um domicílio improvisado, o IBGE pretende realizar um levantamento específico, em 2012. "Aqueles que vivem pelas ruas, eventualmente não serão recenseados porque corremos o risco de dupla contagem. Mas estamos estudando meios para promover um estudo específico para essa população", afirma Alexandre.

Áreas isoladas
Uma das dificuldades do IBGE na hora de recensear todos os domicílios é, segundo o presidente Nunes, a locomoção e a distância entre as cidades. Por isso, moradores de favelas e de comunidades afastadas foram selecionados para trabalhar como recenseadores. "Isso funciona inclusive em áreas com altos índices de violência, porque o recenseador conhece o local e é conhecido", diz o presidente do Instituto.

Segundo Maria Vilma Salles Garcia, coordenadora operacional do censo, mesmo em caso de moradores não localizados durante a primeira visita do recenseador, várias tentativas serão feitas, inclusive por outros membros da equipe do IBGE.

"Há uma lei que obriga o cidadão a prestar informações ao IBGE, mas tentamos ao máximo não usar isso, porque uma informação fornecida obrigatoriamente não é uma boa informação. Tentamos convencer toda a população a contribuir", diz Maria Vilma.

Se não for encontrado ou se recusar a responder ao questionário, o morador terá seu domicílio considerado fechado. "Se não forem obtidas as informações da pesquisa, os domicílios serão considerados fechados, ou seja, foram encontrados, há evidências de moradores, mas não houve entrevista", explica a coordenadora.

Vale destacar que não é obrigatória a entrada de recenseadores em casa. "Eles não precisam entrar e contar os cômodos da casa, nem os eletromésticos. Os moradores podem inclusive receber os recenseadores na porta ou portaria do prédio, se preferirem. Mas é claro que incentivamos que os recenseadores sejam bem recebidos", diz Maria Vilma.

Alagoas e Pernambuco
Os estados de Alagoas e Pernambuco, fortemente afetados pela chuva em junho, terão atendimento diferenciado durante o censo. "Em grande parte dos municípios desses estados já tínhamos feito o mapeamento e catalogado as residências. Hoje, como muitos moradores tiveram que deixar suas casas devido às chuvas, ainda estamos avaliando como fazer o recenseamento", diz Nunes.

Segundo o presidente, os estados terão sua situação avaliada separadamente, para que não haja prejuízos na coleta.

Computador de mão IBGE CensoComputador de mão será usado durante censo
para questionários (Foto: Licia Rubenstein/IBGE)

Questionário
Existem dois tipos de questionário disponíveis para o censo: o questionário básico, com 37 questões, e o da amostra, com 108. O questionário por amostra inclui as mesmas perguntas do básico, somadas a outras. Os questionários serão aplicados aleatoriamente, seguindo a proporção de estimativa populacional em cada município.

Depois de coletados em computadores de mão pelos recenseadores, os dados serão encaminhados a postos de coleta. Ao todo são 7 mil espalhados pelo país, para apoio e transmissão dos dados à sede.

Os questionários abordam temas como acesso a iluminação, abastecimento de água, saneamento, escolaridade dos moradores do domicílio, idade, trabalho e rendimento, enfim, itens fundamentais para identificar quantos e quem somos e como vivemos.

Após 31 de outubro, as informações coletadas passam por uma análise de consistência para verificar a veracidade dos dados antes de computá-los. Em 27 de novembro, o IBGE divulga os dados populacionais e os encaminha ao TCU.

"Haverá uma série de outros resultados do censo e eles serão divulgados durante os anos de 2011 e 2012. A divulgação dos dados populacionais respeita a data definida pelo governo para uso no Tribunal de Contas", diz Zélia Bianchini, diretora adjunta de pesquisas do IBGE.

Em 2010, pela primeira vez, será possível responder ao questionário pela internet. "Depois de ser visitado por recenseador, se o morador comprovar que não é possível responder às perguntas pessoalmente, ele recebe uma senha e deve responder ao questionário on-line dentro de um prazo determinado. Se ele não responder, será visitado novamente", diz o presidente do IBGE, Eduardo Nunes.

O conteúdo dos questionários é definido por 12 especialistas, que compõem a Comissão Consultiva do Censo 2010. As informações passadas ao IBGE pela população são sigilosas.

Novidades
O uso do computador de mão por todos os recenseadores é, segundo Nunes, uma das maiores novidades para o Censo 2010. Mas algumas inovações estão previstas também no questionário. Alguns temas e perguntas passarão a fazer parte dessa pesquisa pela primeira vez em 2010.

"Introduzimos um levantamento de etnias e línguas faladas em comunidades indígenas. Isso ocorrerá pela primeira vez neste censo", diz Zélia.

Questões sobre raça, que são autodeclaratórias, passarão a aparecer, em 2010, no questionário básico, e não mais no de amostra. Também haverá perguntas sobre emigração internacional, que ajudarão a traçar um perfil da população brasileira.

No que se refere a constituição familiar, os mais novos temas serão a responsabilidade compartilhada pela casa e arranjo familiar de cônjuges do mesmo sexo.

O censo também perguntará pela primeira vez sobre a existência de telefone celular, motocicleta e acesso à internet nos domicílios. Já itens considerados obsoletos, como a posse de videocassete, serão retirados do questionário.

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