terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Pais devem apoiar seus filhos na transição do colégio para a faculdade

VI NA GLOBO.COM

A entrada na escola com poucos anos é um marco na vida das crianças. Significa um importante passo rumo à independência. Elas vão crescendo e avançando em seus estudos. Aos poucos, a idéia de cursarem uma faculdade e enfrentarem o temido vestibular ganha espaço. Aquilo que parecia distante chega rápido.
De certo modo, os estudantes se prepararam a vida inteira para esse exame. Ser aprovado é uma vitória – orgulho dos pais e sensação de ter atingido um importante objetivo. Porém, ele não é um fim em si mesmo e sim a passagem para uma nova etapa, a universidade e tudo o que ela significa. Embora o status de estudante permaneça, o contexto é bem diferente.
Apesar de desejada, essa mudança também é temida. É necessário que o estudante exercite sua autonomia de maneira mais ampla. Ele conquista mais liberdade e, consequentemente, tem mais responsabilidade. Todo aquele ambiente organizado e protegido oferecido pela escola e pela família é menos encontrado na faculdade.
Às vezes, os jovens estiveram por muito tempo em uma mesma instituição, que acabam virando um prolongamento de suas casas. A mesma estrutura física e pedagógica, as mesmas pessoas, profissionais e amigos… Era a garantia de que as coisas estavam sob controle. Eram poucas as surpresas. O próprio grupo social da escola funcionava como rede de apoio para questões acadêmicas e da esfera pessoal.
Isso acaba ficando para trás, e o universitário tem que lidar com essas perdas, inclusive a perda da condição infantil, vivenciando um luto.
Quantas mudanças vão ter que enfrentar? Amigos novos, por vezes de diferentes partes do país. Professores que não os veem mais como crianças, e sim como universitários. Ter que desbravar o espaço físico e lidar com diferenças na maneira de ensinar de cada docente. Deparar-se com idéias e conceitos novos.
As mudanças nem sempre param por aí. Às vezes, até de cidade é necessário mudar, como é o caso dos estudantes que moram em lugares em que a oferta de cursos universitários é mais limitada. Acabam ficando longe de suas famílias, em repúblicas de universitários, com pessoas desconhecidas, e precisam pensar e providenciar até o que vão comer.
Perdas de um lado e coisas diferentes de outro podem tornar difícil a adaptação do estudante, por vezes impedindo-o que siga em frente nos estudos. E, ainda por cima, tendo que se virar sozinho.
Por isso, nem sempre o primeiro ano na faculdade é uma experiência das mais prazerosas. Mas o modo como é encarado e vivido importará para a adaptação ou não a essa nova etapa. E ninguém precisa ser forte e dizer que está tudo muito fácil. Principalmente quando isso não é verdade.
Para tanto, o suporte dado pela família torna-se fundamental. Na idéia de ter que ser adulto, esse recurso nem sempre é buscado, inclusive porque algumas cobram de seus filhos uma maturidade ainda a ser conquistada.
Também não é fácil para os pais verem seus filhos crescendo. No entanto, essa é uma condição natural e necessária. E eles podem ajudar muito.
Como, por exemplo, ouvi-los sem julgamento. Sem dizer coisas que coloquem em dúvida a capacidade deles de enfrentamento. Oferecer-lhes palavras de orientação e estímulo, ajudá-los a terem forças para seguir em frente.
O crescimento de qualquer ser é gradual. Não é porque está na universidade que, num passe de mágica, o jovem se tornou mais adulto. Atrapalhar-se na vida não é privilégio de ninguém. Os filhos ainda vão precisar muito de seus pais, que necessitarão ter a sabedoria de acolhê-los em suas angústias sem impedir que sigam em frente.
Além do mais, passada a primeira impressão, estar na faculdade é experiência enriquecedora e pode ser muito divertida.

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